sábado, 13 de novembro de 2010

"Perdi alguma coisa que me era essencial, e que já não me é mais. Não me é necessária, assim como se eu tivesse perdido uma terceira perna que até então me impossibilitava de andar mas que fazia de mim um tripé estável. Essa terceira perna eu perdi. E voltei a ser uma pessoa que nunca fui. Voltei a ter o que nunca tive: apenas as duas pernas.Clarice Lispector"

Vou falar pra todo mundo dessa zona de incerteza, pode ser? E de como depois de hoje eu tô mesmo copiando você e ignorando o Crozier, o Friedberg e a Sociologia das Organizações. Nossa estrutura de ação coletiva vai se dar só entre eu e você. Tá bom. Duas pessoas são necessárias, e pra te deixar convencido: você tem me sido suficiente. Tem gente que diz que se está bom, quando melhorar estraga. Eu discordo. Tem ficado cada vez mais gostoso e mais interessante e mais envolvente e não está estragando. Mas vamos nessa, tô deixando mesmo de lado o poder e a zona de incerteza e tudo o mais só pra que você saiba que “olha, você é fascinante.” Você me lembra Mintzberg quando me olha e pergunta uma, duas ou três vezes o que me incomoda e me convence não sei se com o tom de voz ou com o olhar ou com o beijo de que vale a pena eu procurar as melhores palavras pra te contar o que eu cismo que não tem importância só por vergonha de dizer. Ou me convence de falar mesmo que eu não tenha encontrado nenhuma das palavras certas e das maneiras corretas. Poder é isso. É ser capaz de mudar o comportamento de alguém e assim então os resultados. Fosse só pela incrível insistência ou doce tom de voz. Porque de repente sem a mão dada, sem o constante pedido, eu teria ido embora. Entrado no ônibus, ido pra casa só pra escrever todas as coisas que eu não disse e triste e pensando uma porção de coisa, que seria mesmo “sempre o pior”. Acontece que de uns tempos pra cá, ter você aqui tem sido mesmo muito bom. Pra mim, pros dias, pra tudo. Até mesmo pro medo que você não tem pretensão de curar, mas que sozinho já está se curando. Apesar de alguns tropeços, apesar de alguns fantasmas. Vai ver, a Teixeira é que tem mesmo razão, é um pouco de tudo; se bobear, você tem um pouco de tudo. Poder é essencialmente a capacidade de produzir ou modificar os resultados. E fazer acontecer não só resultados, mas também processos. Não fui embora, eu fiquei. Dividi uma Coca, algumas lágrimas e acabei gostando um pouco mais de você. Esse poder você tem. Tem feito despertar todo um processo e mudado com alguns olhares algumas atitudes. Não abre mão desse poder não. O do Crozier e o do Friedberg é uma relação de troca, só que instrumental desequilibrada, então a gente joga mesmo fora. Porque a nossa tá boa. Boa sim. Boa assim.


* Ana Luiza seus escritos me facinam...

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