sábado, 23 de outubro de 2010

Numa chama minha e tua

"É preciso acabar com esse medo de ser tocado lá no fundo. Ou é preciso que alguém me toque profundamente para acabar com isso". Caio F. Abreu

Descobri de repente ontem assim quando olhava nos teus olhos e falávamos sobre vontades e sentimentos que eu estava mesmo gostando de você. De você e de estar deitada ali do teu lado com o rosto apoiado no meu braço que repousava no teu travesseiro e assim mantida toda em equilíbrio quando por dentro eu sambava. Eu sambava como há tempos venho sambando desde o dia do alto do morro. Não sei se por alegria ou nervosismo. Sei que, ali, te olhando e te vendo banhado só pela luz da luminária em cima daquela bancada tão cheia de textos e livros, eu quis chorar. Eu quis chorar porque você me fez entender que não queria aquilo que eu queria; e eu fiquei me achando uma boba por querer e por esconder meu choro só pra que você não descobrisse que eu me importava com tudo aquilo que eu fingia não dar muita importância. Eu queria me rotular com você, e criar contigo do jeito da gente novos moldes pro meu querer. Meu querer que mais tarde acabaria sendo o seu também. Vai ver antes eu tinha entendido mesmo tudo errado. Então me aproximei da boca carnuda que eu tanto gosto e dei um beijo mais demorado que o normal só pra que você não visse meus olhos cheios de lágrimas. Eu quis chorar e quis que você também quisesse se rotular comigo. Dar nome ao que sempre fomos. Porque eu sempre me senti como sendo o que hoje somos, só que dessa vez conversado e acordado. Me chama de namorada que eu vou fazer manha e sentir preguiça da vida e de tudo só pra dormir contigo um dia inteiro de chuva escondida dos vizinhos que podem me escutar mas não podem nos ver com as cortinas fechadas. Então fecha as cortinas e os olhos e me abraça pelas costas e me cheira os cabelos que eu fico com vontade de não sair mais da cama. Da cama que se bobear um dia a gente quebra. Ou põe mesmo o colchão no chão que aí eu vejo o apartamento e você por outros ângulos, e você continua lindo sempre. Te acho lindo desde sempre. E te quero lindo ou molhado ou com sono ou ao som de Toranja. Tanto faz. Deitada ali do teu lado com o rosto apoiado no meu braço que repousava no teu travesseiro e mantida toda em equilíbrio, eu queria dizer isso: que te quero mesmo de qualquer jeito. A gente vira mago feiticeiro e faz da bola de cristal, folha de papel. E escreve como bem quiser. Me pinta nua, eu te deixo nu. E a gente dorme e a gente acorda e vive e aproveita isso de bom e gostoso que temos, ainda sem as cobranças, mas agora eu te chamando de meu e você me chamando de tua. Numa chama nossa. Sem mais ninguém. E é tão bom acordar ao teu lado. É tão bom te ter ao meu lado.

** Haaa  Anna... seus textos são tão lindos!!! Amor que transborda... adorooo!!!

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